quarta-feira, março 3

Redescoberta a Alegria para o tratamento do Alzheimer?

A Alegria dos jardins portugueses...

Fonte: Ciência Hoje

As plantas que se encontram frequentemente nos jardins podem conter potencialidades terapêuticas que são muitas vezes desconhecidas. É o caso da vinca, vulgarmente conhecida por “alegria” e que pode ser facilmente encontrada em qualquer casa portuguesa.

Investigadores da Universidade do Porto (UP) descobriram que esta planta contém uma substância denominada por serpentina, que poderá revelar-se como um agente importante no tratamento da doença de Alzheimer.


O estudo que apresenta estas conclusões foi publicado na revista científica Phytomedicine. “Isto é o reconhecimento do nosso trabalho” e um “ponto de partida” para o desenvolvimento de novos estudos sobre as potencialidades desta planta, revelou ao "Ciência Hoje" Patrícia Valentão, uma das investigadoras envolvidas neste projecto.

A vinca, originária do Madagáscar, era já “conhecida pelos seus compostos anti-carcinogénicos”, explicou a investigadora, admitindo que, para se obterem essas substâncias, geram-se “muitos desperdícios”. Isto porque são necessárias toneladas de partes aéreas da planta (flores, folhas e caule) para se extraírem alguns miligramas de substâncias úteis, o que acarreta elevados custos e complexidade ao processo de cultivo e extracção das substâncias medicinais da vinca.

O Alzheimer afecta 27 milhões de pessoas em todo o mundo
Neste projecto liderado por Paula Andrade (do laboratório associado REQUIMTE) e por Mariana Sottomayor (do Instituto de Biologia e Medicina Celular / Instituto de Engenharia Biomédica), os investigadores deram especial relevo às raízes da vinca. “Esta planta é conhecida pelos compostos que tem nas folhas, pelo que temos vindo a segui-la, mas decidimos experimentar as potencialidades das raízes”, frisou Patrícia Valentão.

Deste modo, de forma a aproveitar todo o potencial da planta, debruçaram-se sobre as propriedades da raiz - normalmente desprezada - descobrindo que este órgão contém um conjunto de compostos com actividade no sistema nervoso e com grande interesse farmacológico.

Os investigadores isolaram e testaram estes compostos, que actuaram em vários receptores do sistema nervoso central e periférico, e destacaram a serpentina, que possui uma enorme afinidade e selectividade para um dos principais alvos no tratamento da doença de Alzheimer.

Patrícia Valentão destacou que “este estudo básico revelou uma actividade promissora”, pelo que, ainda que seja necessária mais investigação, o aproveitamento desta planta poderá revelar-se útil no tratamento do Alzheimer, assim como de outras doenças.

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