terça-feira, abril 20

Os animais nossos amigos: reflexões (im)pertinentes! (por Vitor Pomar)


As reflexões que hoje deixo aqui são de um amigo e companheiro espiritual - Vitor Pomar (ver foto).
Vale a pena ler e refletir.

Nota: A grafia do texto, em consonância com o Acordo Ortográfico de 1990, foi alterada por mim.
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Continuo a achar que a base e fundamento do humanismo, a plataforma onde podemos convidar todos os seres a participar e encontrar seu lugar, está no que eu chamo de egoísmo positivo: todos temos vantagem no bem estar e realização de todos e de cada um. Essa é certamente a maior riqueza que podemos almejar. Somos o universo inteiro (desde o big bang e/ou infinita sucessão deles) do qual não nos distinguimos senão por limitada compreensão. Melhor ainda, somos a consciência não dual do universo.
Trata-se neste caso de partilhar com os outros, todos os outros, o sentimento profundo de empatia em relação aos animais (nossos irmãos nesta vida, nossas mães nas infinitas vidas passadas a quem somos eternamente devedores...), assim como com a nossa atitude promover a descoberta de toda uma sabedoria de que os animais são portadores. Sabemos que os benefícios da prática de salvar vidas são inúmeros: só esta visão pode ajudar aqueles que hoje estão na ignorância que gera violência e sofrimento. Até cada célula, cada planta, é todo um universo de inteligência onde temos muito a ganhar ao aprendermos a escutá-los. Tudo isto deveria fazer parte do programa das escolas.
A sabedoria dos animais passa por exemplo pela capacidade que têm de escolher as plantas de que necessitam para os diversos efeitos que procuram, seja ela a cura de uma indisposição, seja também alguma necessidade inconfessável de experimentar uma expansão da consciência. Sim, eles entram em transe e sabem onde ir buscar a substância apropriada, coisa que só a nossa compulsiva e pretensa racionalidade nos impede de conhecer.
Viver em harmonia com o universo: só assim encontraremos alguma paz e o futuro será salvaguardado, coisa que agora parece quase um delírio e uma utopia.
No dia 1 de Abril pensei divulgar uma mensagem em que se anunciava ser tudo mentira: a poluição que envenena todo o ambiente (ar, terra, água, mas também eletromagnética); as guerras incontáveis que proliferam raivosamente; a alimentação industrial que envenena toda a gente, animais incluídos; os fármacos que matam mais do que curam; toda a vertigem que o stress produz; a violência de toda a ordem a que estamos sujeitos nas estradas; a solidão rodeada pelo excesso de falsa e viciada informação...
A visão (apocalíptica e/ou realista?) da atualidade surge assim aos nossos olhos de um modo ao mesmo tempo assustador mas também como uma miragem, um pesadelo do qual deveríamos poder acordar !
O budismo promove uma prática de salvar vidas (libertando animais condenados a uma morte violenta) e uma atitude sabiamente ecológica baseada no reconhecimento duma interdependência entre os seres e entre os elementos, articulada com a consciência duma impermanência a que tudo e todos estão sujeitos e que pode tanto salvar-nos como destruir-nos. Parece-me no entanto haver alguma desatenção por parte dos ensinamentos em relação a esta problemática duma certa sabedoria que podemos descobrir nos animais e na natureza em geral.
Não se trata apenas de simples compaixão, mas muito mais do que isso: toda a natureza canta de forma esplêndida uma realidade que nos ultrapassa tanto mais quanto nos privamos de a ela nos entregarmos sem limites...

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