A econometria, ciência matemática aplicada à economia, tem como objetivo medir resultados, permitindo o desenvolvimento de inúmeros indicadores, medidas e demais instrumentos quantitativos, largamente utilizados, tanto pelo poder público, como pela iniciativa privada. O mais expressivo deles, o Produto Interno Bruto (PIB) foi o que mais se projetou como ferramenta de mensuração do progresso das sociedades.
Esse mundo de economias quantificadas começa a preocupar-se com outros fatores essenciais, mas, nem por isso, arrolados como vitais para espelhar a rentabilidade da economia real. Fenómenos climáticos -como os cataclismos - e suas consequências nas áreas onde eles ocorrem, a sustentabilidade dos sistemas de produção e as crises financeiras são componentes novos realçados como essenciais, também, à geração da riqueza.
Diante dessas incertezas não quantificadas, previamente, a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial estão estimulando o debate em torno da criação de novos instrumentos operacionais do universo económico para medir o que a metodologia econométrica atual não valoriza: as riquezas naturais e os níveis de felicidade das pessoas. O componente humano viria, assim, completar o universo meramente económico prevalecente, no desempenho das nações.
A ciência económica dispõe de uma gama de subsídios proporcionados pelos estudos e pesquisas relacionados com o desenvolvimento humano, externados em indicadores alternativos retratando características sociais, culturais e políticas, capazes de influenciar a qualidade de vida da população. Ainda assim, esses índices são dominados pela frieza da matemática aplicada à economia.
A origem do debate proposto, já colocado em prática entre áreas académicas e algumas instituições financeiras mais abertas às inovações, decorreu do índice Felicidade Interna Bruta (FIB).
Ele foi lançado em 1972 pelo governo do Butão, pequeno país encravado na cordilheira do Himalaia, entre a China e a Índia. Seu isolamento das demais nações, por razões geográficas, retardou a difusão desse mecanismo ali bem-sucedido.
A construção do FIB parte do compromisso segundo o qual as ações do governo devem ter como foco a promoção do bem-estar social. Por isso, o índice Felicidade Interna Bruta absorve em sua composição nove áreas distintas, das quais apenas uma é estritamente económica e se refere ao padrão de vida, incluindo renda ´per capita´ e outros parâmetros de emprego e renda das pessoas.
Entre os demais, há destaque para o desenvolvimento sustentável, a vitalidade da comunidade, a boa governança, a diversidade do ecossistema, a saúde da população e dois outros pouco usuais para os padrões do ocidente: o uso e equilíbrio do tempo e o bem-estar emocional. O Butão, país fora da vanguarda do desenvolvimento, conseguiu dar uma lição ao mundo ao aplicar o FIB e difundir seu sistema científico para aferir condições subjetivas, como a felicidade, a partir de estatísticas objetivas e confiáveis.
Fotografia: Tai Power Seeff
1 comentários:
Vale a pena ler este trabalho:
Índice de Felicidade Interna, o Produto Interno Bruto das Nações e outros
Indicadores Quantitativos
Um Estudo sobre as suas relações
Cássia Regina Vanícola
Pontifícia Universidade Católica – SP
em
http://docs.google.com/viewer?a=v&q=cache:VS2JhG9RvfkJ:www.aedb.br/seget/artigos08/323_Indice%2520de%2520Felicidade%2520Interna_SEGeT.pdf+%C3%8Dndice+de+Felicidade&hl=pt-PT&gl=pt&sig=AHIEtbRrz3X9i-GaS65_B3orNW_kYWzypA
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